Sair do armário

Como estudantes do ensino secundário, especialmente adolescentes, passaremos por muitas mudanças, tanto físicas como mentais. Um aspeto disto é explorar a nossa sexualidade, onde começamos a descobrir em que género nos enquadramos e por que género nos sentimos atraídos. Deixa-me dizer-te uma coisa: é completamente normal que te sintas atraído por pessoas do mesmo sexo que tu. Sei que em muitos países a ideia de homossexualidade e da comunidade LGBT ainda é um tabu e muitos pais não teriam uma atitude positiva em relação a uma criança gay. Embora tenha uma grande simpatia por todos vós, no final do dia a vossa sexualidade estará sempre lá, quer queiram mudá-la ou não, ela ainda está dentro de vós – reconheçam estas coisas. Vi um filme muito bom chamado Maurice, onde havia dois homens que gostavam muito um do outro. No entanto, como um homem (que tem um estatuto social mais elevado) tem medo da forma como a sociedade o vai tratar quando revela a sua sexualidade, casa com uma mulher. Mas sabe o que acontece depois? O outro homem decidiu perseguir o outro homem e acabaram por viver felizes juntos, enquanto o homem que decidiu casar com a mulher acabou por ser infeliz. Portanto, a moral da história é: seja honesto consigo mesmo. Mas, mais uma vez, é mais fácil dizer do que fazer, e há uma boa probabilidade de que alguém que se assuma enfrente críticas dos seus colegas — e, como sabe, o ensino secundário pode ser um ambiente extremamente tóxico. Mas, mais uma vez, no final do dia, é você quem mais importa - e, pessoalmente, prefiro ser honesto comigo mesmo do que ser aceite pelos outros (tenho a certeza de que se sentiria da mesma forma). Por isso, se estiver a explorar a sua sexualidade e descobrir que é gay, o que tem de considerar é a abordagem que vai adotar a partir deste passo em frente. Sei que esta é realmente uma questão muito desafiante (e pode ser delicada para alguns), mas acredito que, com bons conselhos e decisões cuidadas, se pode lidar com tudo.

A primeira coisa que tem de se lembrar é que assumir-se não impede que seja odiado e criticado por certas pessoas. Mas isto não se aplica apenas à revelação – lembre-se, não importa o que faça, haverá sempre pessoas que não gostam de si, mesmo que seja a pessoa mais simpática do mundo. Por exemplo, se estiver a ajudar os outros, algumas pessoas dirão certamente que é um hipócrita. Outro exemplo é quando está a falar com um rapaz ou uma rapariga, aqueles que estão obcecados com a sua conversa ficarão com muita inveja de si. Portanto, basicamente, nem toda a gente te vai apoiar, e tu estás ciente disso porque então podes lidar com isso de uma forma apropriada.

O próximo passo é perguntar-se: consegue tolerar o ódio que lhe é dirigido? Pessoalmente, acho isto muito injusto porque muitas pessoas não conseguem aceitar as pessoas como elas são e tomam medidas diferentes para expressar ódio contra os gays. É por isso que precisa de levar esta questão a sério: consegue tolerar isso? Aceita a possibilidade de que o seu amigo próximo não queira mais associar-se a si? Aceita a possibilidade de a sua família não aceitar que se assuma? Sei que isto é um pouco grave demais, mas nunca se sabe o que pode acontecer, por isso vamos preparar-nos para o pior, ok? Eu sei que a homossexualidade é alvo de muito ódio, mas, mais uma vez, não existe um caminho fácil e se não perseverar, nada sairá daí. Eu sei que consegues, por isso sabe que há sempre alguém lá fora a apoiar-te!

Agora vem a parte mais difícil: assumir-se publicamente. Honestamente, há muitas formas de o fazer. Pessoalmente, gostaria de confessar primeiro à sua família, porque são eles que melhor o conseguem compreender. A partir desta fase, expresse a sua sexualidade através de mais pessoas - eu sei que haverá ódio, haverá críticas, mas vive para si, não para os padrões e expectativas dos outros, lembra-se? Desejo-lhe boa sorte na sua jornada, sei que consegue!